Parlamento espanhol apresenta proposta que pode derrubar premiê
O Parlamento espanhol colocou em marcha nesta quinta-feira (31) uma moção de censura que pode, no dia seguinte, derrubar o governo do primeiro-ministro conservador, Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular). Ele lidera o país há oito anos, mas pode ter de deixar o poder devido ao acúmulo de escândalos de corrupção.
A proposta foi feita pelo líder da oposição, Pedro Sánchez, representando o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), depois que a Justiça condenou uma série de figuras ligadas ao PP por corrupção. O próprio partido conservador foi condenado como pessoa jurídica por ter se beneficiado de uma trama de venda de contratos públicos, semelhante àquela investigada no Brasil pela operação Lava Jato.
"Peça demissão, sr. Rajoy. Seu tempo terminou", disse Sánchez.
"Sua solidão é o epitáfio de um tempo político, de quem debilitou a coesão social", afirmou. O socialista também criticou o premiê por ter imposto medidas de austeridade, "apertando os cintos a limites asfixiantes, enquanto vocês se financiavam de maneira irregular".
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Já Rajoy acusou Sanchéz de manobrar o Parlamento para ser premiê.
Caso a moção -apresentada hoje aos legisladores para ser votada na sexta-feira (1°)- tenha sucesso, o panorama político espanhol deve ser revirado da direita à esquerda, investindo o socialista Sánchez como primeiro-ministro. O líder do PSOE promete, ademais, convocar novas eleições nesta que é uma das principais economias da União Europeia, coincidindo com a crise política na vizinha Itália.
Para ser aprovada, a moção precisa da maioria absoluta dos legisladores, ou seja, 176 votos. O PSOE (84 cadeiras) já tem o apoio do Podemos (esquerda, 67), mas ainda precisa seduzir alguns dos pequenos partidos, o que pode levá-lo a uma aliança temporária com movimentos separatistas bascos e catalães -meses depois de o governo ter negado a reivindicação de secessão na Catalunha.
Já existe há alguns anos um considerável desencanto com o PP, associado por parte da população a uma maneira antiga de fazer política. Nas últimas eleições, em 2016, partidos alternativos como o Cidadãos (centro-direita) e o Podemos tomaram uma fatia de seu eleitorado.
Mas a sentença do dia 24 pode ter sido o catalisador para sua derrocada. A Justiça condenou o empresário Francisco Correa, ligado ao PP, a 51 anos de prisão. Outras 28 pessoas foram condenadas, e suas penas somaram 351 anos de cadeia por delitos como fraude, falsificação de documentos e uso irregular de verbas.
O tribunal também condenou Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do PP e próximo a Rajoy, por ter cobrado comissões em contratos públicos. O partido e o premiê negam as acusações. Com informações da Folhapress.
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