TRF concede liberdade a mulher que aplicou vacinas falsas em empresários
O TRF 1 (Tribunal Regional Federal) concedeu neste sábado (3) liberdade provisória à mulher apontada como a responsável por aplicar injeções em um grupo de pessoas, incluindo empresários, em Belo Horizonte, como se elas fossem vacinas contra a Covid-19.
Segundo laudo da Polícia Federal, o líquido das injeções era soro fisiológico.
Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas foi presa na terça-feira (30) pela Polícia Federal, mas neste sábado a desembargadora Ângela Catão concedeu o habeas corpus solicitado pela defesa.
O Coren-MG (Conselho Regional de Enfermagem) informa que não consta nos seus registros a inscrição de profissional de enfermagem no estado com esse nome.
A mulher, que seria na verdade uma cuidadora de idosos, deixou a Penitenciária Estevão Pinto, em Belo Horizonte, às 16h30, com o rosto coberto por um casaco.
O soro fisiológico foi apreendido em mandado de busca e apreensão cumprido também na terça-feira, na casa da suposta enfermeira. A polícia esteve em uma clínica, mas nada foi apreendido no local.
A confirmação da perícia reforça a principal linha de investigação de que o material usado na vacinação clandestina, ocorrida na garagem de uma empresa de transportes e revelada em uma reportagem da revista piauí, na semana passada, seria falso.
Ainda na terça, a coluna Painel da Folha antecipou que a PF havia encontrado soro e ampolas com a mulher e que suspeitava que a vacina usada fosse falsa.
A PF também trabalha com as hipóteses de que as vacinas tenham sido importadas ilegalmente e que os produtos tenham sido desviados do Ministério da Saúde.
Bruno Agostini Ribeiro, advogado que representa Cláudia e os outros dois investigados, disse que só vai se manifestar dentro do processo.
Na segunda-feira, os dois irmãos empresários, ligados ao setor de transporte, Rômulo e Robson Lessa, apontados pela reportagem da revista piauí como responsáveis por organizar a vacinação irregular, confirmaram para a PF o envolvimento no caso e que adquiriram os supostos medicamentos via pagamento por Pix, no valor de R$ 600 por pessoa. A reportagem não conseguiu contato com os dois ou com seus representantes legais.
O Grupo Saritur diz que houve uma cisão administrativa em 2019 e que os dois irmãos já não fazem mais parte da direção do mesmo.
A Companhia Coordenadas, que tem caminhões no endereço onde ocorreu a vacinação e onde pessoas trabalham usando uniforme da Saritur, segundo a nota do grupo, funciona de forma independente. A Coordenadas, diz a assessoria da Saritur, é de Rômulo e Robson.
A Saritur diz ainda que nenhum de seus diretores foi citado na reportagem da piauí e que sua diretoria desconhece o assunto.
A reportagem também apurou que, segundo depoimento dos empresários, entre os dias 22 e 23 de março, mais de 80 pessoas teriam sido vacinadas. No evento registrado em vídeo por vizinhos da garagem que acionaram a Polícia Militar, o grupo seria de cerca de 50 pessoas, segundo a reportagem da piauí.
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