Vendas na Black Friday da Covid crescem 30%
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As vendas na semana da Black Friday deste ano foram 30% superiores ao que foi registrado em 2019. Segundo levantamento da Nielsen, o comércio eletrônico faturou R$ 6 bilhões de 19 a 27 de novembro. O período concentra tanto o "Esquenta Black Friday" quanto a data oficial do evento, na última sexta-feira (27).
Embora tenha havido uma aposta das varejistas em diluir as principais promoções ao longo do "esquenta", o faturamento continua concentrado no dia principal. O dia 27 foi responsável por 53% das vendas, contra 51% no ano passado
Julia Avila, líder da Ebit|Nielsen, afirma que o período de promoções estendidas será uma tendência para as próximas edições.
"O e-commerce e as pessoas utilizaram todo o período de novembro para encontrar bons preços e fechar bons negócios. Isso mostra que um esquenta Black Friday mais forte é uma tendência para os próximos anos", afirma.
Na avaliação da Nielsen, a concentração de vendas na sexta-feira faz o varejo perder dinamismo, porque mobiliza mais infraestrutura e funcionários em um período curto.
"Com períodos maiores, o comércio se torna mais rentável e pode repassar melhores descontos nos preços. Todos lucram no fim do dia", afirma.
Houve crescimento também no faturamento pós-Black Friday em relação a 2019. Somando sábado (28) e domingo (29), o ecommerce teve faturamento de R$ 1,5 bilhão em vendas, alta de 27% em comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho do fim de semana foi semelhante ao de quinta-feira (26) e sexta-feira (27).
Durante a prévia da Black Friday, sondagens apontavam que mudanças de hábitos de consumo adquiridos pelos consumidores na pandemia trariam novas tendências para o evento. Segundo Juliana Avila, da Nielsen, o "comércio eletrônico soube aproveitar o momento e fisgá-los com descontos, oportunidades e atratividades".
De acordo com Fernando Gamboa, sócio da KPMG, a extensão do "esquenta" da Black Friday proporciona aos consumidores um tempo maior para a decisão de compra, o que reduz o número de compras por impulso e permite aos consumidores planejar e antecipar as compras de Natal.
"Essa Black Friday é muito atípica. O consumidor está estressado financeiramente, mas tem a oportunidade antecipar compras de Natal e fazer menos compras por impulso", disse. "Tudo o que a gente não quer é consumo exacerbado no meio de uma pandemia."
Neste ano, somente na sexta-feira (27), dia oficial do evento, o faturamento de compras online foi de R$ 3,1 bilhões, alta de 4,8% na comparação com o mesmo dia do ano passado. Além de gastar 7,8% mais - o valor médio de compras na sexta-feira este ano ficou em torno de R$ 679 – os brasileiros também compraram mais vezes, processando 4,6 milhões de pedidos compras.
Somando o total de compras do dia principal do evento e do chamado "Esquenta Black Friday", foram gerados 10,6 milhões de pedidos neste ano, aproximadamente 20% a mais em relação a 2019.
Para Gamboa, o movimento de compras na Black Friday poderá impactar as compras de Natal deste ano e fazer o comércio repensar as tradicionais de liquidações de janeiro.
O Natal deste ano deverá ter desempenho insuficiente para alavancar a retomada do comércio ao longo de 2021. Especialistas afirmam que a incerteza em relação à pandemia e sobre como a economia deverá reagir ainda devem impactar as vendas de fim de ano.
Novos hábitos, antigas reclamações
Nesta segunda-feira (30), o Procon-SP registrou 940 atendimentos relacionados à Black Friday. A principal reclamação dos consumidores foi a chamada maquiagem de preço (139), quando o desconto oferecido não é real, seguido por pedido cancelado após a compra (109), mudança de preço ao finalizar a compra (107), produto ou serviço indisponível (101) e não entrega ou atraso (89).
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