HC de SP fecha triagem de pacientes na entrada do pronto-socorro
O Hospital das Clínicas fechou, no dia 22 deste mês, a triagem de pacientes que mantinha na porta de seu pronto-socorro, em Cerqueira César, na região central de São Paulo. Desde então, quem busca atendimento no local, é orientado por funcionários administrativos em uma guarita a procurar o pronto-socorro da Lapa, na zona oeste da cidade, ou outro serviço de saúde próximo.
Desde 2013, o pronto-socorro do HC é considerado uma emergência referenciada, ou seja, atende casos graves levados por ambulâncias, resgate e helicóptero da PM. No entanto, a unidade mantinha uma equipe com profissionais de saúde na porta para avaliar pacientes que procuravam o serviço de forma independente. Se o caso fosse grave, como um infarto, por exemplo, a pessoa era atendida no Hospital das Clínicas.
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"Aqui não tem mais triagem nem a equipe que fazia a avaliação antes de passar com um especialista. Só temos os socorristas que atendem quem chega de ambulância", diz um dos funcionários que ficam na guarita. A justificativa dada pelo servidor é a superlotação. "Os médicos só atendem quem vem de ambulância", diz outro funcionário.
A reportagem esteve no hospital por dois dias. Sem se identificar, conversou com funcionários e pacientes. Na porta do PS encontrou um rapaz com o rosto ensanguentado. Ele foi orientado a ir ao pronto-socorro da Lapa.
Nem os funcionários do Hospital das Clínicas escapam da medida. Segundo Gilson de Souza Santos, diretor do SindSaúde (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de SP), há relatos de servidores que sentiram-se mal durante o expediente e foram encaminhados para outro serviço. "Já fui vomitando para o pronto-socorro e me mandaram voltar", diz uma auxiliar de enfermagem.
"A triagem feita por profissional de saúde é muito importante. Um paciente transplantado e acompanhado no HC que passa mal e não chega de ambulância deve ser atendido onde?", questiona Santos.
Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, diz que a situação é complexa e difícil.
"A triagem leiga [no caso do funcionário da guarita] é um risco e perigosa e pode ser entendida como omissão de socorro em alguns casos, mas abrir a porta do PS não seria a melhor solução. A rede de saúde pública é boa, mas precisa dar respostas mais rápidas ao paciente", afirma.
Para ele, é necessário educar a população para que ela busque o serviço de saúde de sua região e passe a confiar nele. "Não é possível atender todo mundo em todo lugar", afirma Vecina.
O Hospital das Clínicas, ligado à USP (Universidade de São Paulo), afirma em nota que desde o dia 22 a equipe de triagem realiza o atendimento em uma área interna do pronto-socorro "para acolher com mais qualidade e segurança os pacientes encaminhados por ambulâncias e resgates".
Segundo a nota, o pronto-socorro do Hospital das Clínicas é uma emergência referenciada, para atendimento de casos graves, muitos deles com risco de morte, levados por ambulâncias, resgate ou pelo helicóptero águia da PM.
"Esta forma de atendimento, que está dentro do determinado pelo SUS para um hospital de alta complexidade, já está em pleno funcionamento desde 2013", diz a nota, que também reforça a orientação para que, "em caso de necessidade, a população procure as unidades de pronto-atendimento mais próximas de suas casas. Em caso de necessidade, eles serão encaminhados para o HC por essas unidades".
O hospital afirma que não faltam profissionais em seu pronto-socorro e que tem mais de 200 médicos de diferentes especialidades, além residentes, enfermeiros e equipes multiprofissionais.
De acordo com o HC, há uma equipe para atender pessoas que apresentem situações de risco de morte nos arredores do complexo hospitalar. "O atendimento é feito na área externa do hospital e, se necessário, o paciente é encaminhado para emergência referenciada", disse. Com informações da Folhapress.
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