Escadão Marielle Franco, em SP, também foi manchado de tinta vermelha
WILLIAM CARDOSO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O escadão Marielle Franco, entre as ruas Cristiano Viana e Cardeal Arcoverde, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), foi vandalizado com tinta vermelha na madrugada desta sexta-feira (30). Sobre a imagem da vereadora carioca, assassinada em 14 de março de 2018, foi pichado "Viva Borba Gato", além dos números "666", que remetem a grupos neonazistas.
Também nesta sexta, o monumento a Carlos Marighella, líder da ALN (Ação Libertadora Nacional) na luta armada contra a ditadura militar, amanheceu coberto de tinta vermelha.
No escadão, no início da tarde, ainda estavam por lá potes de vidro com resto da tinta vermelha usada pelos vândalos. A tonalidade é semelhante à encontrada, ainda fresca, ao lado do monumento a Marighella.
Moradora há seis anos de uma portinha sob o escadão, Cleonice Aparecida da Silva Santos, 51, disse que até a meia-noite não havia tinta vermelha no local.
"Não escutamos nada durante a noite", disse. Pela manhã, ela ainda recolheu três potes de vidro que estavam na base da escada. Segundo Cleonice, não é o primeiro ato de vandalismo contra a imagem de Marielle no local.
Outros dois potes ainda estavam no segundo lance de escadas, onde a frase "Marielle Vive" foi completada com "no inferno".
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, afirmou que vai destinar recursos do MAR (Museu de Arte de Rua) para a restauração do painel instalado no escadão, com o rosto de Marielle. A obra é do artista Raulzito.
A arquiteta Monica Benicio, mestra em urbanismo, vereadora no Rio (PSOL) e viúva de Marielle Franco, disse numa rede social nesta sexta que o ataque "não foi apenas à imagem da Marielle". "É um ataque a tudo que ela acreditava e defendia. Quem fez isso são os que querem um Brasil que continue massacrando as mulheres, o povo negro, os trabalhadores e as LGBTs", escreveu.
Os dois ataques desta sexta ocorreram dias após um grupo ter ateado fogo à estátua de Borba Gato, no bairro Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Mas há grande diferença entre os alvos. A Marighella e Borba Gato se atribuem diversos crimes, entre os quais assassinatos, ao passo que Marielle Franco defendia causas de minorias e denunciava abusos policiais.
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