Pesquisa aponta que, no NE, 72% dos habitantes apoio intervenção nos Estados contra violência
Uma pesquisa do Instituto Ipsos, em parceria com ‘Estado’, revela que os moradores das Regiões Norte e Nordeste são os mais favoráveis à medida em seus territórios (80% e 72%, respectivamente); em média. 75% se declaram a favor da iniciativa. Além disso, dois em cada três brasileiros apoiariam uma medida similar em seu Estado, caso ela fosse adotada.
Nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a taxa de apoio a uma eventual intervenção é de 80%, 72% e 71%, respectivamente – acima da média nacional de 64%. No Sudeste, a taxa é de 63%. Apenas na Região Sul a população se divide: 47% a favor e 46% contra. O governo federal não planeja intervir em outros Estados. A inclusão da pergunta na pesquisa serve para verificar a percepção sobre o tema.
De acordo com o diretor do Ipsos, Danilo Cersosimo, a criminalidade é um problema nacional, e seus efeitos influenciam o cotidiano de parcela significativa da população. “Quando perguntamos quais são os principais problemas da população, a violência aparece em terceiro ou quarto lugar, atrás de saúde e desemprego, e às vezes de corrupção.”
Ainda segundo Cersosimo, “o exército nas ruas fazendo o papel que a polícia não consegue cumprir”. “Tivemos muitas notícias no país de guerra de quadrilhas, crise de presídios, chacinas, o que reforça a ideia de que o estado é omisso e ineficiente em relação à segurança. Outras pesquisas mostram que o exército goza de confiança relativamente alta em relação a outras instituições.”
Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o resultado era esperado. “O que as pessoas estão fazendo é dar um grito de desespero. Acham que alguma coisa que venha de fora pode resolver o problema, ainda que não saibam exatamente o que é.”
O Ipsos também perguntou quem mais teria a ganhar com a intervenção, apresentando uma lista com opções. Em primeiro lugar ficou o item “o cidadão do Rio”, com 33%. Depois aparecem “o presidente Michel Temer” (18%) e “os mais pobres” (15%). O eventual benefício a Temer ainda não apareceu, ao menos em termos de popularidade. A mesma pesquisa Ipsos, feita duas semanas após o anúncio da intervenção, mostra que a desaprovação a Temer oscilou de 93% para 94%, e que a aprovação se manteve em 4%.
Em Fortaleza, no Ceará, a sensação de insegurança é semelhante, diante de uma onda de medo desencadeada por chacinas e ataques em série a coletivos e prédios públicos organizados por facções criminosas. Morador da capital, Celso Gondim, de 48 anos, que cursa Educação Física, defende a intervenção por acreditar que a violência fugiu do controle.
Há dez dias, Gondim presenciou a execução de um homem na esquina da rua onde mora. Além disso, a chacina de Benfica – em que sete pessoas foram assassinadas –, aconteceu perto de sua casa. “A violência está cada vez mais perto, não apenas na periferia ou nas favelas”, relata.
Para ele, a intervenção poderia ajudar. “Nem a Polícia Civil nem a Militar tem treinamento, armamento e logística para enfrentar o crime organizado.”
Com informação do Jornal O Estado de S.Paulo
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